O turbante é um símbolo cultural, que está na moda e esbanja estilo. O significado deste adorno tão especial para a cultura africana diz muito sobre o processo de formação da nossa própria cultura. Conhecer as origens culturais do turbante através do tempo e discutir a apropriação cultural deste elemento tão rico é também uma forma de reconhecer e valorizar a nossa identidade afro-brasileira.
Em alta na moda atualmente, o turbante é visto pela maioria das pessoas como um acessório estético que serve para adornar a cabeça e demonstrar charme, estilo e beleza. Ele é visto como algo que “está” na moda. E muita gente o usa somente por isso. Mas o turbante é um elemento cultural, que está associado principalmente às culturas asiática, africana e brasileira.
Usar o turbante especialmente para as culturas africanas, afro-americanas e afro-brasileiras é também um símbolo de resistência ao aculturamento, de afirmação de sua identidade cultural e de luta contra a discriminação e o preconceito racial. A questão é cultural e um ato político, que vai muito além da moda e do estilo.
Os turbantes estão na moda dentro de uma tendência chamada “étnica”. O que significa que é uma moda pertencente aos hábitos e costumes de um determinado povo. Este povo, por sua vez, se identifica culturalmente com este estilo porque foi criado historicamente por seus ancestrais. Este povo se veste de sua cultura, de um estilo próprio, que os distingue, reconhece e valoriza.
O turbante é uma grande tira de pano de até 45 metros de comprimento enrolada sobre a cabeça. Seu uso é muito comum na Índia, em Bangladesh, no Paquistão, no Afeganistão, no Oriente Médio, no Norte da África, no Leste da África (principalmente no Quênia), no Sul da Ásia e em algumas regiões da Jamaica.
A origem do turbante é desconhecida, mas sabe-se que já era usado no Oriente muito antes do surgimento do islamismo. Lá, ele é usado pelos homens e tem a função religiosa de demonstrar e reforçar a fé. Infelizmente, depois do atentado de 11 de setembro, o uso desse tipo de turbante no exterior também é associado com o terrorismo.
No Oriente, não são apenas os islâmicos que usam o turbante como símbolo da fé. Os adeptos da religião monoteísta indiana Sikh, também fazem uso desse adereço. Nesta religião, os homens e mulheres não devem cortar os cabelos e sim utilizar os turbantes para envolvê-los. Na Índia, eles ainda são utilizados para proteger a cabeça do clima severo do deserto e representam a casta de quem o usa, o status financeiro e a religião.
África
Na África, o turbante é parte da cultura do povo, onde os costumes e roupas tradicionais traziam tecidos enrolados no corpo e os turbantes fazem parte dessa indumentária complementando o conjunto. Eles são usados por homens e mulheres e cada amarração e torção tem um significado diferente.
O Ojá é um tipo de torço ou turbante usado na cabeça nas religiões tradicionais africanas, religiões afro-americanas, religiões afro-brasileiras, podendo ser de vários tipos e cores. Os turbantes tem funções sociais, religiosas e claro, fazem parte da moda e do estilo africano.
Nas religiões africanas, o turbante é um elemento e elo com a nossa dimensão espiritual. O uso do turbante e suas variadas cores carregam significados profundos. Ele é usado para proteger a cabeça que simboliza os pensamentos e a fé no divino.
Brasil
No Brasil, o uso do turbante foi introduzido pelos negros vindos da África através do tráfico de escravos. As mucamas usavam saias, blusas leves e soltas, panos e xales nas costas e turbantes nas cabeças. Os tecidos podiam ser coloridos ou não. As roupas não eram muito diferentes dos costumes usados no país de origem, mas pela condição de escravo, o vestuário era limitado. Entretanto, os costumes e vestimentas africanos eram reproduzidos no Brasil, distinguindo e afirmando a identidade cultural negra.
O uso de turbantes no Brasil é muito comum no Estado da Bahia, em Salvador, cidade do mundo fora da África que tem uma forte tradição da cultura negra, devido a grande quantidade de escravos africanos que foram trazidos para o país. As culturas Hausa e Yourubá trouxeram seus costumes e cultos que foram amplamente introduzidos e misturados ao caldeirão cultural brasileiro.
Mundo
Na Europa, o comércio tratou de estabelecer as relações entre Oriente e Ocidente, facilitando as trocas de costumes e culturas. Já no século XVIII, o turbante era usado como item de moda pelas mulheres francesas. Por volta de 1920, o costureiro francês Paul Poiret trouxe os turbantes de volta ao cenário fashion. Coco Chanel também aderiu ao acessório. A moda se popularizou no final dos anos 30, e muitas atrizes de Hollywood apareceram retratadas com glamorosos turbantes. No Brasil, Carmen Miranda adotou o turbante no seu figurino. Nos anos 60, o turbante ressurgiu novamente como símbolo da cultura negra, nos movimentos que lutavam pelos direitos civis contra a discriminação e o preconceito.
Miscigenação e apropriação cultural
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